por um cavaleiro que tive,
e quero que para sempre se saiba
como o amei excessivamente;
agora vejo que sou traída
porque não lhe dei o meu amor
e por isso tenho estado em grande angústia
no leito e quando estou vestida.
Quisera ter o meu cavaleiro
uma noite, nu nos meus braços
e que ele se tivera por ditoso
só que eu lhe fizesse de almofada;
pois estou mais enamorada
que Floris esteve de Brancaflor:
entrego-lhe o meu coração e o meu amor,
o meu juízo, os meus olhos e a minha vida.
uma noite, nu nos meus braços
e que ele se tivera por ditoso
só que eu lhe fizesse de almofada;
pois estou mais enamorada
que Floris esteve de Brancaflor:
entrego-lhe o meu coração e o meu amor,
o meu juízo, os meus olhos e a minha vida.
Formoso amigo, amável e bom,
quando vos terei em meu poder?
oxalá pudesse dormir convosco uma noite
e dar-vos um beijo amoroso.
Sabei que grande desejo teria
de ter-vos no lugar do marido
desde que me tivésseis jurado
fazer quanto eu quisera.
A Condessa de Dia viveu na segunda metade do séc.XII. Foi a mais ilustre das trovadoras provençais. Há dúvidas quanto à sua exacta identidade mas uma tradição identifica-a com a esposa do Conde Guilherme II de Poitiers e explica que se apaixonou perdidamente pelo também trovador Raimbaut d’Aurenga, a quem teria dedicado as suas canções. Na Provença desse tempo, amar o marido era sinal de grande descortesia e de falta de elevação espiritual, pois a contratualidade e conveniência económica que o casamento envolve não poderia conviver com o sentimento nobre e desinteressado do verdadeiro amor. Por isso, a paixão dava-se e vivia-se sem receio, como coisa que só obedece às suas próprias regras.