sábado, 30 de junho de 2007

Coimbra: Quinta das Lágrimas


Lágrimas caem, coração sobe,
Pedro tarda, olhos demoram.
Além das fontes, penedos dormem,
saudade canta horas maiores.
Dores esvoaçam sobre os cabelos
de tranças loiras, desmaiadas.

- Mãe, porque choras?
- Pedro tarda, o coração dói.

- Mãe, porque sonhas?
- As fontes cantam, as horas morrem.

- Mãe, tu não morres.
- Da água bebo, a água me mata.
Pedro lá vem, oiço o galope.
Que traz na mão ensanguentada?

- Senhora minha, lágrimas não.
Tu és rainha e eu sou teu.
Aqui te trago um coração.
Guarda-o no peito, que ainda sangra.
Roubei-o além na estrada escura
Que daqui não vês.
Bebe da água, para sempre pura,
para sempre minha, para sempre Inês.