Um ramo de lírios roxos, tia Nina! Como tu gostavas de lírios! Aqui tens, sobre o mármore liso do teu rosto! Usavas seda azul antes, muito antes de haver manhãs claras e frias como esta. E o teu rosto era outro, como um regaço doce.
Não há ninguém por aqui. Até para visitar os mortos parece ser necessário escolher bem as horas. E, no entanto, é bem certo que não há tempo por aqui, tia Nina, e que a solidão te deve atormentar. Ninguém menciona o teu nome, ninguém se lembra de ti. Como é fácil perder a memória! A Laura visita-me sempre e eu fico à espera que ela me dê notícias tuas, não sei bem porquê, como se fosse uma obrigação que ela não cumpre. Talvez porque ela ficou na nossa casa e me pareça sempre provável que ela encontre, caído atrás da senhorinha de damasco anil, o dedal de prata que tu perdeste há tanto tempo. Ou penso que ela me vai dizer: "Sabes, ontem fiz biscoitos de natas por aquela receita da tia Nina!"
Mas a Laura acredita que eu estou louca... Fala-me como se eu fosse criança. E por vezes quase gostava de ser, sabes, tia Nina, como quando eu era bem pequena e tu ainda eras livre e alegre e vivias connosco e as minhas irmãs ainda não tinham nascido. Só eu me posso lembrar desse tempo, nenhuma delas se recorda de ti como um pássaro azul à espera da Primavera. Rias, brincavas comigo e por vezes ficavas séria, como se algo de verdadeiramente importante se fosse decidindo em ti. A mamã chamava-te Nini, nome um pouco ridículo se não fosse a ternura que carregava. Ternura igual só a de Rodrigo que te vira crescer. Às vezes, quando me traz o chá ou me lembra as horas para que eu vá dormir, tenho vontade de lhe perguntar ou de lhe contar coisas sobre ti. Mas vejo-o tão velho, com passos tão cansados e olhos tão tristes que nada digo. Perdeu as suas duas meninas. Primeiro a mamã e agora tu.
O teu rosto é macio mesmo assim. A terra aqui tem um cheiro acre a molhado e profundo que impressiona. Faz pensar que a terra tem uma alma grande e misteriosa, que assusta e atrai. Por vezes, quando venho e me sento perto de ti e me esqueço das horas, julgo ouvir muitos e variados murmúrios, indistintos. Como se esta terra toda, carregada de memória e vozes, se levantasse a falar e, não alcançando o seu esforço, se deixasse logo após cair na sua paz. Não posso falar de tal coisa à Laura! Pensa que eu estou louca só porque às vezes me esqueço das horas ou me distraio. Pobre Laura! Como sofre naquele casarão! Vejo nos seus olhos que me vem visitar porque as paredes a atormentam e gostaria de fugir e descansar. Pobre Laura!
Lembras-te, tia Nina, quando a Laura nasceu todos ficámos tão felizes! Eu não entendia bem que se tratava de outra como eu, que viria a correr e brincar e conversar, achava aquela criatura tão adorável como as bonecas de porcelana que se sabe não serem verdadeiras e se tem medo de partir. Mas tu, tia Nina, eras tão jovem e passavas muito tempo com ela ao colo, cantavas e querias sempre vesti-la e despi-la, como se de facto fosse uma boneca. A Laura foi sempre a mais corajosa de todas nós. Foi sempre a que proclamou os direitos de todas, a que comandou as brincadeiras e a que tinha razão. Foi certamente por coragem que quis ficar no casarão que a tortura e nunca me diz, quando vem à casa do moinho visitar-me, nunca me diz: "Estou tão triste!", ou "Deixa-me vir para aqui!", nunca chora nem grita, porque a Laura sempre foi corajosa. Lembras-te quando queria acusar-se pelas nossas traquinices? Lembras-te quando batia nos rapazes que lhe levantavam as saias? Pobre Laura!
Suspeito que sente a falta da Edna. Não que ela o diga! Mas no outro dia encontrou por acaso na casa do moinho um velho xaile dela e olhou-o com tanta tristeza e agarrou-o como se tivesse necessidade de o levar. Mas logo depois o largou, como se se achasse ridícula e foi-se embora depressa. É que a Edna nunca mandou notícias!
Vem além uma mulher, tia Nina, felizmente não vem para perto. Veste toda de preto, luto recente, traz margaridas. O conjunto tem um ar alegre, como o cantar de um melro que avança de ramo em ramo. A Edna sempre viveu num mundo à parte do nosso. Nunca estava satisfeita, nunca sabia bem o que queria. Desde que tu a ensinaste a tocar, o piano é que a conhecia bem. Dela esperávamos sempre qualquer coisa, porque a Edna não falava como nós, não brincava como nós. Talvez por isso tu a protegias mais, como se fosse de todas a mais vulnerável. Podia passar dias inteiros sem falar, como se nada existisse à sua volta. Excepto, claro, o piano. Mas agora que a solidão é verdadeira, a Edna deve sofrer mais que qualquer uma. Porque ela tem uma capacidade especial para sofrer mais do que os outros. Como quando se deu o acidente, lembras-te, tia Nina? Ela não tinha mais do que cinco anos, talvez nem entendesse completamente o que significavam os corpos do pai e da mãe imóveis como se dormissem e todavia passou uma semana sem falar e, mesmo depois de alguns anos, se se falava no que acontecera, a Edna nunca participava na conversa, como se carregasse aquela dor encerrada e viva para sempre. Por isso partiu. Só a distância a faz crer no esquecimento da tua partida, tia Nina! E três anos lá vão já.
Por vezes fico espantada como três anos pode ser tanto tempo. É como se eu sempre tivesse vivido na casa do moinho. Como se as paredes meio arruinadas sempre me tivessem defendido. Porque quando eu morava no casarão, e a Laura, a Edna e tu, Verlanda era outra, diferente e jovem. Capaz de amar...
Amar como qualquer outra.
Tia Nina, o sol começa a levantar-se, faz calor aqui. Deves estar em paz. É tão sereno este teu lugar, tão luminoso! Como tu quando rias no casarão e contudo não eras feliz. Jovem e encerrada, isso é que tu eras. Porque nós, sozinhas, precisávamos de ti. Porque era preciso educar as sobrinhas. Porque a mamã te tinha educado, porque, porque. Rias com tantos porques! E contudo amavas-nos na mesma. O teu vestido azul tornou-se cinza, era mais discreto e tu já tinhas pouco mais de trinta anos. Nessa idade e solteira já não fica bem chamar a atenção. Mas eras tão linda, mesmo assim! Quando ele chegou, ficou com os olhos em ti como numa fonte d'água.
Oxalá chova para os lírios não parecerem murchos...
Nessa noite ao jantar puseste no vestido um pequeno lírio branco. Mas nessa altura cada uma sozinha já então começara o inevitável. Eras linda, tia Nina! A Edna era interessante, com os olhos sombreados de silêncio, mas não tinha a tua clareza. A Laura era inteligente, conversava com graça, mas não tinha a tua suavidade. E eu, eu era grande demais, não sabia o que fazer com as mãos, o vestido não me assentava bem e tu só tinhas olhos para ele. Era belo como dizem que os marinheiros costumam ser e sorria. Escutava em silêncio a música de Edna, conversava com os poetas da Laura e sorria-me. Para ti estendia às vezes a mão, quando pensava que nós não olhávamos.
Tudo mudava no casarão. Já não havia serões em que tu contavas histórias da Princesa de Hera e nós três escutávamos, deitadas sobre a saia do teu vestido. O teu vestido mudava todos os dias e ele parecia cada vez mais belo. A Edna contava-lhe não sabíamos o quê que nunca nos contara. A Laura chorava como nunca tinha chorado. E eu desejava que a mão dele tocasse o meu cabelo e via os lábios dele sobre mim.
Querias partir, tia Nina. Nós adivinhávamos que ias partir. O silêncio instalava-se entre nós e entendemos então que ele partiria e tudo morreria em nós como se nunca tivéssemos nascido.
Arrefece. Tenho frio. Este teu leito de mármore é tão difícil!
Quando veio a tempestade e ele andava no rio, tu disseste que ele não conhecia os pegos e que o Rodrigo devia ir buscá-lo. Mas o Rodrigo não estava e fomos todas, saber onde andava pescando. Tu foste rio acima e nós vínhamos a caminho da casa do moinho, onde o rio se revolta para dar força à azenha. Chovia e o céu era tão negro como se Deus quisesse escrever nele com fogo. E eu vi-o. O rio enchera e ele esforçava-se por alcançar terra firme. Toda a terra se empapava em água. A cana e os fios da pesca dificultavam- lhe os movimentos. Edna gritou e ele ficou feliz por nos ver.
Vem vindo agora gente. Não podemos estar sozinhas, tia Nina! Nunca mais poderemos estar sozinhas.
De longe apontei-lhe o caminho. Como nós todas conhecíamos todos os caminhos! Na casa da azenha brincávamos no Verão. Nem uma palavra da Laura ou da Edna, nem um olhar ou um aceno que dissessem não, esse é o pior caminho.
Estávamos geladas da chuva e da tormenta. O vento uivava e tudo em nossa volta parecia caminhar para um turbilhão definitivo. Com um estrondo, a velha azenha há tanto imóvel começou a girar com a força da água e parecia louca, como se mil ventos a empurrassem, girava, girava.
Tudo parecia um inferno quando tu chegaste, desvairada, pálida, desfeita. Segurámos-te com todas as nossas forças mas o vestido azul que voltaras a pôr rasgou-se-nos nas mãos e tu voaste como um pássaro ferido para o pego por onde ele partia. Tu partiste, tia Nina!
Não há ninguém por aqui. Até para visitar os mortos parece ser necessário escolher bem as horas. E, no entanto, é bem certo que não há tempo por aqui, tia Nina, e que a solidão te deve atormentar. Ninguém menciona o teu nome, ninguém se lembra de ti. Como é fácil perder a memória! A Laura visita-me sempre e eu fico à espera que ela me dê notícias tuas, não sei bem porquê, como se fosse uma obrigação que ela não cumpre. Talvez porque ela ficou na nossa casa e me pareça sempre provável que ela encontre, caído atrás da senhorinha de damasco anil, o dedal de prata que tu perdeste há tanto tempo. Ou penso que ela me vai dizer: "Sabes, ontem fiz biscoitos de natas por aquela receita da tia Nina!"
Mas a Laura acredita que eu estou louca... Fala-me como se eu fosse criança. E por vezes quase gostava de ser, sabes, tia Nina, como quando eu era bem pequena e tu ainda eras livre e alegre e vivias connosco e as minhas irmãs ainda não tinham nascido. Só eu me posso lembrar desse tempo, nenhuma delas se recorda de ti como um pássaro azul à espera da Primavera. Rias, brincavas comigo e por vezes ficavas séria, como se algo de verdadeiramente importante se fosse decidindo em ti. A mamã chamava-te Nini, nome um pouco ridículo se não fosse a ternura que carregava. Ternura igual só a de Rodrigo que te vira crescer. Às vezes, quando me traz o chá ou me lembra as horas para que eu vá dormir, tenho vontade de lhe perguntar ou de lhe contar coisas sobre ti. Mas vejo-o tão velho, com passos tão cansados e olhos tão tristes que nada digo. Perdeu as suas duas meninas. Primeiro a mamã e agora tu.
O teu rosto é macio mesmo assim. A terra aqui tem um cheiro acre a molhado e profundo que impressiona. Faz pensar que a terra tem uma alma grande e misteriosa, que assusta e atrai. Por vezes, quando venho e me sento perto de ti e me esqueço das horas, julgo ouvir muitos e variados murmúrios, indistintos. Como se esta terra toda, carregada de memória e vozes, se levantasse a falar e, não alcançando o seu esforço, se deixasse logo após cair na sua paz. Não posso falar de tal coisa à Laura! Pensa que eu estou louca só porque às vezes me esqueço das horas ou me distraio. Pobre Laura! Como sofre naquele casarão! Vejo nos seus olhos que me vem visitar porque as paredes a atormentam e gostaria de fugir e descansar. Pobre Laura!
Lembras-te, tia Nina, quando a Laura nasceu todos ficámos tão felizes! Eu não entendia bem que se tratava de outra como eu, que viria a correr e brincar e conversar, achava aquela criatura tão adorável como as bonecas de porcelana que se sabe não serem verdadeiras e se tem medo de partir. Mas tu, tia Nina, eras tão jovem e passavas muito tempo com ela ao colo, cantavas e querias sempre vesti-la e despi-la, como se de facto fosse uma boneca. A Laura foi sempre a mais corajosa de todas nós. Foi sempre a que proclamou os direitos de todas, a que comandou as brincadeiras e a que tinha razão. Foi certamente por coragem que quis ficar no casarão que a tortura e nunca me diz, quando vem à casa do moinho visitar-me, nunca me diz: "Estou tão triste!", ou "Deixa-me vir para aqui!", nunca chora nem grita, porque a Laura sempre foi corajosa. Lembras-te quando queria acusar-se pelas nossas traquinices? Lembras-te quando batia nos rapazes que lhe levantavam as saias? Pobre Laura!
Suspeito que sente a falta da Edna. Não que ela o diga! Mas no outro dia encontrou por acaso na casa do moinho um velho xaile dela e olhou-o com tanta tristeza e agarrou-o como se tivesse necessidade de o levar. Mas logo depois o largou, como se se achasse ridícula e foi-se embora depressa. É que a Edna nunca mandou notícias!
Vem além uma mulher, tia Nina, felizmente não vem para perto. Veste toda de preto, luto recente, traz margaridas. O conjunto tem um ar alegre, como o cantar de um melro que avança de ramo em ramo. A Edna sempre viveu num mundo à parte do nosso. Nunca estava satisfeita, nunca sabia bem o que queria. Desde que tu a ensinaste a tocar, o piano é que a conhecia bem. Dela esperávamos sempre qualquer coisa, porque a Edna não falava como nós, não brincava como nós. Talvez por isso tu a protegias mais, como se fosse de todas a mais vulnerável. Podia passar dias inteiros sem falar, como se nada existisse à sua volta. Excepto, claro, o piano. Mas agora que a solidão é verdadeira, a Edna deve sofrer mais que qualquer uma. Porque ela tem uma capacidade especial para sofrer mais do que os outros. Como quando se deu o acidente, lembras-te, tia Nina? Ela não tinha mais do que cinco anos, talvez nem entendesse completamente o que significavam os corpos do pai e da mãe imóveis como se dormissem e todavia passou uma semana sem falar e, mesmo depois de alguns anos, se se falava no que acontecera, a Edna nunca participava na conversa, como se carregasse aquela dor encerrada e viva para sempre. Por isso partiu. Só a distância a faz crer no esquecimento da tua partida, tia Nina! E três anos lá vão já.
Por vezes fico espantada como três anos pode ser tanto tempo. É como se eu sempre tivesse vivido na casa do moinho. Como se as paredes meio arruinadas sempre me tivessem defendido. Porque quando eu morava no casarão, e a Laura, a Edna e tu, Verlanda era outra, diferente e jovem. Capaz de amar...
Amar como qualquer outra.
Tia Nina, o sol começa a levantar-se, faz calor aqui. Deves estar em paz. É tão sereno este teu lugar, tão luminoso! Como tu quando rias no casarão e contudo não eras feliz. Jovem e encerrada, isso é que tu eras. Porque nós, sozinhas, precisávamos de ti. Porque era preciso educar as sobrinhas. Porque a mamã te tinha educado, porque, porque. Rias com tantos porques! E contudo amavas-nos na mesma. O teu vestido azul tornou-se cinza, era mais discreto e tu já tinhas pouco mais de trinta anos. Nessa idade e solteira já não fica bem chamar a atenção. Mas eras tão linda, mesmo assim! Quando ele chegou, ficou com os olhos em ti como numa fonte d'água.
Oxalá chova para os lírios não parecerem murchos...
Nessa noite ao jantar puseste no vestido um pequeno lírio branco. Mas nessa altura cada uma sozinha já então começara o inevitável. Eras linda, tia Nina! A Edna era interessante, com os olhos sombreados de silêncio, mas não tinha a tua clareza. A Laura era inteligente, conversava com graça, mas não tinha a tua suavidade. E eu, eu era grande demais, não sabia o que fazer com as mãos, o vestido não me assentava bem e tu só tinhas olhos para ele. Era belo como dizem que os marinheiros costumam ser e sorria. Escutava em silêncio a música de Edna, conversava com os poetas da Laura e sorria-me. Para ti estendia às vezes a mão, quando pensava que nós não olhávamos.
Tudo mudava no casarão. Já não havia serões em que tu contavas histórias da Princesa de Hera e nós três escutávamos, deitadas sobre a saia do teu vestido. O teu vestido mudava todos os dias e ele parecia cada vez mais belo. A Edna contava-lhe não sabíamos o quê que nunca nos contara. A Laura chorava como nunca tinha chorado. E eu desejava que a mão dele tocasse o meu cabelo e via os lábios dele sobre mim.
Querias partir, tia Nina. Nós adivinhávamos que ias partir. O silêncio instalava-se entre nós e entendemos então que ele partiria e tudo morreria em nós como se nunca tivéssemos nascido.
Arrefece. Tenho frio. Este teu leito de mármore é tão difícil!
Quando veio a tempestade e ele andava no rio, tu disseste que ele não conhecia os pegos e que o Rodrigo devia ir buscá-lo. Mas o Rodrigo não estava e fomos todas, saber onde andava pescando. Tu foste rio acima e nós vínhamos a caminho da casa do moinho, onde o rio se revolta para dar força à azenha. Chovia e o céu era tão negro como se Deus quisesse escrever nele com fogo. E eu vi-o. O rio enchera e ele esforçava-se por alcançar terra firme. Toda a terra se empapava em água. A cana e os fios da pesca dificultavam- lhe os movimentos. Edna gritou e ele ficou feliz por nos ver.
Vem vindo agora gente. Não podemos estar sozinhas, tia Nina! Nunca mais poderemos estar sozinhas.
De longe apontei-lhe o caminho. Como nós todas conhecíamos todos os caminhos! Na casa da azenha brincávamos no Verão. Nem uma palavra da Laura ou da Edna, nem um olhar ou um aceno que dissessem não, esse é o pior caminho.
Estávamos geladas da chuva e da tormenta. O vento uivava e tudo em nossa volta parecia caminhar para um turbilhão definitivo. Com um estrondo, a velha azenha há tanto imóvel começou a girar com a força da água e parecia louca, como se mil ventos a empurrassem, girava, girava.
Tudo parecia um inferno quando tu chegaste, desvairada, pálida, desfeita. Segurámos-te com todas as nossas forças mas o vestido azul que voltaras a pôr rasgou-se-nos nas mãos e tu voaste como um pássaro ferido para o pego por onde ele partia. Tu partiste, tia Nina!
Tu partiste! Tu partiste.