quarta-feira, 10 de outubro de 2007

ESPANHA ANTIGA. Guadalupe

Era uma vez um pastor de Cáceres que andava apascentando as suas ovelhas junto ao Rio Escondido (Rio Guadalupe). Corria o reinado de Afonso X, o Sábio (1252-1284).
Os milagres são sempre coisas difíceis de explicar, por isso diga-se apenas que, milagrosamente, o pastor encontra uma imagem, que estava escondida - como o rio - desde o séc. VIII.
É uma imagem de Maria, de corpo de cedro e negra como a Amada do Cântico dos Cânticos:
“Sou morena mas formosa... foi o sol que me queimou” (1:5-6)


A história conta que a imagem veio da Terra Santa no século I e que andou viajando e milagrando por Constantinopla, Roma e Sevilha. Depois que o pastor a encontrou não tardaram os peregrinos. Têm aparecido até hoje.
Primeiro construíu-se-lhe uma ermida e mais tarde, no século XIV, um mosteiro de jerónimos que sabiam como transformar o culto à Virgem negra na principal força económica e social da região.
Em 1464 contava 130 frades. Tinha um scriptorium (oficina de produção de manuscritos), uma oficina de artesãos, uma escola e um hostipal com sua botica onde se prestavam cuidados médico-cirúrgicos de vanguarda.

As obras de construção prolongaram-se pelo séc.XV, resultando na magnífica fachada gótica


A proximidade dos mouros ensinou aos pedreiros cristãos linhas e traços mudéjar


No claustro, a abóbada celeste pode guardar-se todos dias no olhar, como uma quadro emoldurado



Na sua longa experiência milagreira, Senhora Negra especializou-se: salva os cativos em terra de infiéis e protege aqueles que desafiam os perigos do mar.