quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Cinco livros famosos ...

.... de que não gostei.

Aviso prévio:
Isto NÃO É uma corrente! É apenas uma confissão pública de desgosto, inspirada por uma recente onda de desgostosas confissões.

Não gostei d'O Ano da Morte de Ricado Reis (José Saramago, 1984):



Inesquecível, a descrição de Laura como uma criada de pensão, lubricamente desejada enquanto lavava as escadas, e os ressentimentos marxistas (?!) trazidos à mente do monárquico Ricardo Reis, enquanto passava pela sopa dos pobres. Tudo embrulhado em sintaxe gratuitamente desfeita e em oportunidade comercial de centenário comemorativo.
Não gostei d'O Velho e o Mar (Ernest Hemingway, 1952):
Inesquecível, a patética ilusão humana de vitória sobre as forças da natureza e de desafio à divina providência pela morte de criaturas não racionais. A crueldade como elemento de qualificação do herói em meados do séc. XX ?
Não gostei de Capitães da Areia (Jorge Amado, 1937):

Inesquecível e mais patética ainda, a iniciação do herói através da perseguição e da violação de meninas indefesas e de rapazinhos estigmatizados. Insuportável a sugestão de que as vítimas se conformam com o seu destino de despojo de guerra.

Não gostei d'A Náusea (Jean-Paul Sartre, 1938):





Com muita pena, porque sou admiradora entusiástica de todo o teatro sartreano. Mas nesta prosa encontro excesso de capacidade mimética: cada página desencadeia enjoos e tonturas angustiantes.


Não gostei de Vale Abraão (Agstina Bessa-Luís, 1991):




Com muita pena também, pelas gratas horas de Sibila e por ver um bom tema com grandes personagens esvair-se numa narrativa errática e inconsistente.


(E agora que venham os moralistas da cultura indignar-se e protestar contra o atrevimento.)